Células e matriz extracelular (ME) interagem mantendo a homeostase e mecanostase (homeostase mecânica) dos tecidos. A contractilidade intracelular é proporcional à rigidez extracelular, e as células respondem a alterações ligeiras na composição da ME e propriedades mecânicas dos tecidos secretando ou favorecendo a degradação de componentes da ME. Em situações patológicas, as células podem favorecer fibrose e hipertrofia-produzindo ME excessiva em resposta a demasiada carga-, ou apoptose e atrofia-no caso de falta de carga mecânica. Foi demostrado recentemente pela técnica não-invasiva elastografia por ressonância magnética (ERM) que ocorre amolecimento cerebral com o envelhecimento. Contudo, indivíduos com esclerose múltipla (EM) apresentam valores anormalmente baixos de rigidez quando comparados com controlos da mesma idade, presumivelmente devido a perda de mecanostase e morte celular. Demonstrámos recentemente que oligodendrócitos (OLs) são mecanosensíveis, exibindo problemas morfológicos, de diferenciação e maturação quando cultivados em substratos cuja rigidez era demasiado alta ou baixa em relação à rigidez fisiológica do cérebro. Propomos que a remodelação/degeneração e morte celular que ocorrem em EM causam desregulação da mecanostase célula-ME e consequentes problemas funcionais, promovendo a progressão da doença. A ME cerebral é altamente complexa e dificilmente sujeita a terapias que abordem de forma direta os seus múltiplos componentes desregulados. Assim, propomos utilizar fatores solúveis moduladores de proteínas-chave no processo de mecanorregulação e contractilidade intracelular, pretendendo mimetizar rigidez fisiológica num contexto de ME desregulada, obtendo-se potencialmente (i) melhor sobrevivência e função de OLs, e (ii) produção normalizada de ME. Pretendemos abordar as implicações do amolecimento cerebral em EM e testar ideias inovadoras que abrirão novas avenidas para terapias futuras. Exploraremos os mecanismos subjacentes à sobrevivência e diferenciação de OLs num contexto de contractilidade intracelular, testando vários moduladores solúveis de mecanotransdução utilizando as nossas plataformas in vitro, com o intuito de mitigar os efeitos negativos de amolecimento excessivo em oligodendrócitos. Realizar-se-á um estudo observacional longitudinal com doentes de EM. A rigidez cerebral será avaliada por ERM (complementado com avaliação clínica) durante a avaliação de rotina por ressonância magnética realizada imediatamente antes do início de tratamento com o fármaco de segunda relevante, sendo que os doentes tratados com o fármaco de primeira linha dimetilfumarato serão o grupo de controlo clínico.
Os principais objetivos do projeto são i) compreender o impacto e mecanismos subjacentes de mecanobiologia em oligodendrócitos e ii) a suas implicações em esclerose múltipla (EM). O projeto ambiciona em última instância identificar novas oportunidades terapêuticas para dar resposta a EM.
Rui Manuel Dias Cortesão dos Santos Bernardes (CO-PI)
Ana Carolina Santo Mendes
Ana Catarina Rodrigues Cardoso
Ana Luisa Mendanha Falcão
Ana Margarida Flores Ferreira Novo
Francisco Jose Santiago Fernandes Amado Caramelo
Gabriel Nascimento Ferreira da Costa
Gonçalo de Sá e Sousa de Castelo Branco
João Valente Duarte
Livia Maria de Abreu Freire Diogo Sousa
Miguel de Sá e Sousa de Castelo-Branco
Pedro Miguel Picado de Carvalho Serranho
Ricardo Filipe Alves Martins
Sónia Raquel Marques Batista
[PTDC/MED-NEU/29516/2017] [POCI-01–0145-FEDER-029516]
Center
2018-04-24
2018-07-26
2021-07-25
238740.36€
202929.31
Este website utiliza cookies para melhorar a sua experiência.